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    Camilla Sartorato é a responsavel por este blog. É jornalista e reside em Londrina/PR.Atualmente trabalha na Associação de Pais e Amigos de Pessoas com Síndrome de Down (APS DOWN), prestando serviços de Assessoria de Imprensa. Além disso, fez parte da Comissão Organizadora do V Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down, realizado setembro de 2008 em Londrina. Contato: camillasbr@hotmail.com

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Jornalista não aplaude. Jornalista registra

“Jornalistas não devem aplaudir. Devem manter as mãos ocupadas com os seus blocos de anotações, gravadores e microfones. Não devem tampouco vaiar. Devem manter a boca ocupada fazendo perguntas incômodas aos poderosos…”

( Luiz Weis, Jornalista, pós-graduado em Ciências Sociais pela USP)

Leitura/Roberto Ortega

Foto: Roberto Ortega

Não é nenhuma novidade, jornalistas transgredirem à ética da profissão, ou não darem “o bom exemplo”. O jornalismo é assumido como uma atividade de mediação, sendo a neutralidade uma pré-condição do trabalho jornalístico, deste modo, a falta de imparcialidade e objetividade, muitas vezes, acarretam em notícias “frias” e manipuladas. Proporcionar a informação principal para o debate dos assuntos públicos, informar o leitor para que ele possa tomar decisões fundamentadas e proteger os direitos do indivíduo são fundamentos primordiais para um bom exercício da profissão.

A neutralidade e a imparcialidade, assim, diferentemente de outras teorias, não são apenas pré-requisitos para apurar a veracidade do relato, mas parâmetros para se avaliar a credibilidade dos profissionais e das empresas do jornalismo. O cumprimento desses princípios, embora sejam critérios possíveis, não resulta em um trabalho fácil no dia-a-dia. Rodeado por uma política editorial, o jornalista pode ser pressionado e limitado no interior de seu meio, assim sendo, cabe ao qual, garantir seus valores éticos e seu profissionalismo.

MAS, O QUE É A NOTÍCIA?

Fabi / Foto: Roberto Ortega

Modelo: Fabi / Foto: Roberto Ortega

Perguntava-me na última quinta-feira. Não adiantava recorrer aos dicionários, a definição era sempre a mesma: comunicar, transmitir; tornar conhecido, público. E o que é comunicar, transmitir uma notícia? Qual a prioridade dos assuntos? E o que é esse público? Tornar conhecido? Será que é tudo o que EU ACHO de interesse público? Mas, quem é esse publico que se interessa pelo que eu escrevo?

“Notícia é a expressão de um fato novo, que desperta interesse do público a que o jornal se destina”, dizem uns. Então eles que expliquem, o que é esse fato novo? É algo inusitado, jamais visto? Ou algo que aconteceu a pouquíssimos instantes? E como é decidido o que vai despertar o interesse do publico? Nesse sentindo, dizer que a Tati Quebra Barraco ameaça posar nua seria uma extraordinária noticia, por um dos motivos. No entanto, é impossível esse “incomum” e “inusitado” aparecerem a todo instante. Nem sempre o mundo se move por linhas absolutamente novas, novíssimas, nem tudo é “bomba”! “Bomba”! Como desejam os editores, os professores.

Definir a notícia como tudo aquilo que seja novo, diferente e polêmico é , no mínimo, perverter a informação. Tanto porque, quem determina o que é interessante é o próprio leitor, receptor da noticia. E dificilmente alguém pergunta se o que ele procura são noticias sensacionalistas e que de nada tem a acrescentar.

“Ah…mas certos assuntos são batidos, sem sal”, dizem outros. Sem sal? Sem sal me remete a algo sem novidade, sem tempero, pra não dizer sem graça. Mas, por que sem novidade? Por que sem graça? Uma reportagem não pode tratar do mesmo assunto que alguém tratou há dois dias atrás? Não se faz necessário este assunto? Ou não tem importância por não causar impacto, só instruir o leitor? Alguém pode se interessar! Talvez, a intenção da maioria é ver notícias positivas, ou mesmo continuidade de outras. Ainda assim, tem mesmo que ser só assunto novo?

O sensacionalismo que expõe e divulga determinada matéria ou acontecimento de forma espalhafatosa e exagerada e, que serve de modo “idiota” pra divertir, já fez sua vítima, uma sociedade que se cala diante de tanta “asneira” e manipulação. Não há muito que explicar, ou considerar neste caso, o fato se resume em oportunismo e falta de ética.

Falta de ética, de quem? Do jornalista ou do leitor? De um modo geral, o jornalista não ama ser criticado ou censurado. O leitor, por seu lado, espera aceitação automática da sua eventual razão de queixa – e verificar que tal não sucede não aumenta a sua estima por ele (jornalista). Assim, o jornalismo só faz sentido quando se relaciona com a sociedade.

Mas, então, o que é a noticia? Existe preocupação com o leitor? Notícia é aquilo que o editor no poder disser que é. Pareço radical, eu sei! Faço parte da minoria dos jornalistas (ou futuros jornalistas) que pensam haver um crescente divórcio entre jornalismo e sociedade. Algo que não transparece nos jornais ou nos inquéritos de opinião porque, como corporações que são, os jornalistas não se questionam muito a si próprios e, se o fazem, não o transferem muito para o conhecimento do leitor.

Não precisamos descer a tais ângulos de diferenças. Mas, se o jornalista, o professor, o editor e o dono do jornal, decidem por si só a utilidade e relevância de determinada notícia – ou assunto – a omissão e ausência dessa notícia e discussão é a exata noção da indiferença e falta de ética e profissionalismo que vivemos.

Bem lembrado!

Reinterpretação do texto: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=740

Urariano Mota
La Insignia. Brasil, agosto de 2005.

Imparcialidade na imprensa: Mito ou Princípio?

Fabi / Foto: Roberto Ortega

Modelo: Fabi / Foto: Roberto Ortega

“Deus não nos deu o dom da imparcialidade”. A frase é do jornalista Ancelmo Gois, colunista de O Globo e comentarista da TVE, em entrevista para o site Canal da Imprensa. Há quem acredite que a mídia não consegue ser imparcial e, no entanto, quem defenda a fiel reprodução dos fatos.

É já evidente que na tentativa de buscar a imparcialidade e a objetividade – princípios fundamentais da profissão – deve-se sempre procurar eliminar seus “preconceitos”. Após muitos anos de discussão, os jornalistas, conseguiram formular um código explícito e formal de ética que determina o compromisso fundamental do jornalista com a verdade dos fatos, e que seu trabalho se paute pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação.

O exercício da objetividade e imparcialidade, levado às circunstâncias da produção jornalística, é algumas vezes motivo de contraditórias opiniões. Os mais radicais defendem o pressuposto de que não existe imparcialidade na nossa profissão, e que o jornalista será sempre parcial, porque não consegue descrever os fatos sem colocar uma dose do que ele pensa, do que ele sente, torce e etc.

Essa visão vai além quando se trata da fonte. Para o jornalista Heródoto Barbeiro, apresentador de jornal na TV Cultura e na Rádio CBN, em entrevista para o Núcleo Piratininga de Comunicação, não se faz jornalismo sem se fazer vítimas, porque só é notícia aquilo que provoca uma certa reflexão, um certo eco social. “Quando você fala de alguém, para o bem ou para o mal, aquilo mexe com a vida da pessoa. Então é vítima no sentido de que tem um certo reflexo”, diz ele.

Alcançar a fidelidade dos leitores por meio exclusivo da neutralidade, para os mais descrentes, parece, de modo crescente, ineficaz. “Devem as notícias refletir a realidade como um espelho? Não, mas não porque não devam, é que não podem”, diz Gonzalo Peltzer no livro Periodismo con Pasión (Editorial Ábaco, Buenos Aires, 1996). Nesse contexto, acredita-se que a objetividade e a imparcialidade são cada vez mais insuficientes à sobrevivência de um jornal ou meio de comunicação.

Em outro extremo estão os mais idealizadores, que propõem um jornalismo sério e de compromisso com a verdade. Em geral, entre as características mais valorizadas da profissão está a de saber tratar os fatos de maneira imparcial, distanciando-se do acontecido. Com o intuito de melhor servir o público a que se destina o jornal, a mídia deve passar informações verídicas e não tendenciosas sobre os acontecimentos, a fim de que os leitores façam seu próprio julgamento.

De fato, o jornalista desempenha um importante papel na sociedade, e é de sua responsabilidade o conteúdo da mensagem publicada e sua repercussão.O jornalismo é ele próprio um construtor da realidade, assim, é indispensável que está realidade transferida para o papel seja a mais objetiva e convicta possível.