Caracterizado como um evento multidisciplinar, o “V Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down” tem como objetivo promover discussões, palestras e workshops para todas as áreas de interesse. O evento que acontece de quatro em quatro anos está em sua quinta edição e pela primeira vez não será sediado por uma capital estadual.
Durante os dias 24 à 27 de setembro de 2008, a Associação de Pais e Amigos de Pessoas com Síndrome de Down (APS Down), em parceria com a Associação Reviver Down de Curitiba e com o apoio da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down (FBASD), reunirá especialistas, profissionais e familiares no V Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down (CBSD), a ser realizado no Centro de Exposições e Eventos de Londrina.
Segundo a FBASD, cerca de oito mil bebês nascem por ano no Brasil com a síndrome. Conhecida como um atraso intelectual, a síndrome de Down é uma anomalia nos cromossomos, que ocorre em 1,3 de cada 1.000 nascimentos. A carência de informações sobre o assunto tem diminuído, pois a inclusão social destas pessoas é o que estimula a busca de maiores esclarecimentos. Cada vez mais a sociedade vem se conscientizando de como é importante valorizar a diversidade humana e de como é fundamental oferecer oportunidades para que as pessoas com deficiência exerçam seus direitos.
Com a expectativa de aproximadamente 1,5 mil participantes, o evento tem como objetivo promover a autonomia e a inclusão social das pessoas com síndrome de Down e discutir a conseqüente superação do preconceito e da discriminação ainda existentes. O Congresso, que acontece de quatro em quatro anos, está em sua quinta edição e propõe como tema este ano a “Síndrome de Down: Em busca da
Autonomia”, com o intuito de analisar o caminho para a autonomia das pessoas portadoras.
“A grande quantidade de pessoas sérias e realmente interessadas no assunto é o que motiva a realização deste conceituado evento”, ressalta a pedagoga e moderadora convidada para mesa-redonda com tema “Conquistas Inclusivas na Educação”, Vilma Mello, mãe de Vitória Rita Mello. Para ela, a participação de importantes profissionais com experiências na área, desperta o interesse de todos pela busca de informações e principalmente enriquece a troca de experiências.
A abertura oficial do CBSD acontece às 19h30 do dia 24 de setembro e conta com a participação de diversos convidados, palestrantes e autoridades públicas, entre eles: a secretária de Educação de Londrina, Carmen Lúcia Baccaro Sposti; a secretária de Saúde, Marlene Zucoli; a presidente da Aps
Down e presidente do evento, Elena Mulas Veronesi; o presidente da Reviver Down, Roberto Sekulic; a representante da secretaria de Educação Especial (MEC), Martinha Clarete Dutra; o representante das pessoas com síndrome de Down, Gregório Vicentini; o prefeito da cidade de Londrina, Nedson Micheleti; a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Télcia Lamonica de Azevedo Oliveira e muitos outros.
O Grupo de Teatro para Atores Especiais (GTPAÊ) finaliza a noite de inauguração do evento com a apresentação de uma peça teatral baseada no tema principal das atividades, “Em busca da Autonomia”. O projeto que foi criado em agosto de 1997, numa parceria da Universidade Estadual de Londrina e APAE desta cidade, é composto por um grupo de 12 jovens atores, entre eles os alunos da Aps Down, Gregório Vicentini e Ana Paula Tarozo. As apresentações artísticas ganham o nome de “
Momento Cultural” e acontecerão no fim das atividades de cada dia.
Durante todas as manhãs, serão realizados workshops (minicursos) com 2 horas de duração, abrangendo várias áreas temáticas. As conferências serão apresentadas por especialistas internacionais que demonstrarão seus projetos e conquistas, na área da síndrome de Down, realizados no exterior. Já na parte da tarde, as palestras simultâneas baseiam-se sempre em dois temas de interesse e serão apresentadas por grandes especialistas nacionais.
Entre os profissionais convidados encontra-se o ativista da inclusão e coordenador de um grupo de debate na Internet, Fábio Adiron, que terá participação na mesa-redonda sobre “Contribuições Institucionais”.Segundo ele “o grande desafio da inclusão é acabarmos com a sua necessidade. Ponto!”. Defensor de um ideal em que a sociedade que não precise mais ter secretarias especiais, Adiron acredita que “o desafio que temos para realmente termos uma sociedade que seja justa e acolhedora para todos, é o de construirmos outra sociedade, em que os valores humanos sejam mais importantes que o tamanho do saldo bancário ou as demonstrações de status, de posses e de poder”.
As discussões seguem durante as mesas-redondas que serão realizadas no decurso das tardes em dois horários alternativos. Os diversos debates realizados na ocasião serão palcos de discussões baseadas em cinco linhas temáticas: Relações Familiares, Aspectos Pedagógicos, Aspectos Terapêuticos e Clínicos, Políticas Públicas, Artes, Transição para vida adulta e Qualidade de Vida. No total somam 22 mesas-redondas, durante três dias do evento e divididas por área e faixa etária.
Por ser um encontro atípico, seu principal objetivo é reunir especialistas e principalmente pessoas com experiências para contar. Ou seja, não é fundamentalmente um Congresso acadêmico, onde
essencialmente é necessária a presença de só grandes mestres e doutores. A principal diretriz do evento é interagir pais, familiares, amigos, professores, terapeutas, especialistas, autoridades públicas e, claro, os próprios Down, para expressar suas potencialidades, contribuições, novos métodos e descobertas a fim de, cada vez mais, oportunizar a autonomia e qualidade de vida das pessoas com síndrome de Down.
Para a presidente do evento e também presidente da Aps Down, Elena Mulas Veronesi, a possibilidade de ter um encontro onde se reúnam todas as pessoas envolvidas com a Síndrome de Down, permite fortalecer as bases desse processo de inclusão. “Hoje, a grande parte dos pais acreditam que os filhos podem ter uma vida independente como todo mundo: estudar, trabalhar, casar. A participação das famílias, dos médicos, dos terapeutas, dos pedagogos é uma oportunidade única de troca de experiências”, comenta ela.
“Por que não Londrina?”
Pela primeira vez na história da trajetória do evento não será uma capital estadual que irá sediar as atividades. A primeira edição do CBSD foi realizada na cidade de São Paulo, em 1992. Em 1997 o II Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down ocorreu simultaneamente com o I Encontro Latino-Americano sobre Síndrome de Down, em Brasília, com a participação de cerca de 2 mil pessoas. A terceira realização do evento foi sediada na cidade de Curitiba onde também aconteceu o I Encontro de Irmãos. A última edição do CBSD foi desenvolvida em Salvador, em 2004, com o tema “Família: A gente da inclusão”.
Eleitas por votação, as associações de cada região ligadas a FBASD que irão promover o Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down, são analisadas quanto ao seu papel histórico de inclusão social e trabalhos realizados na área da síndrome de Down. A proposta de trazer o evento para a cidade surgiu de Elena Veronesi, participante assídua de todos os congressos anteriores. “Por que não Londrina?”, questiona ela.
Após sua candidatura lançada no ano de 2004, a Aps Down dentre a seleção de associações inscritas, no final do ano de 2007, conquistou a eleição por estar à frente, apresentando um trabalho de inclusão pedagógica diferenciado. A Associação de Pais e Amigos de Pessoas com Síndrome de Down nasceu de um projeto de extensão universitária desenvolvido pelo departamento de psicologia da Universidade Estadual de Londrina – UEL. Esse projeto teve a duração de quatro anos (1989 –1993) e prestava atendimento às pessoas com a Síndrome de Down nas áreas de Fisioterapia, Fonoaudióloga, e Psicologia.
Atualmente a associação atende cerca de 130 alunos, entre crianças, adolescentes e adultos. Contando com mais de 70 crianças incluídas em escolas de ensino regular, a equipe pedagógica acompanha o desenvolvimento dos alunos em visitas às instituições e reuniões com os professores. Além disso, é o único centro de educação especial que mantêm diariamente uma creche municipal.
O Paraná encontra-se num processo intenso de adequação do ensino especial, principalmente na rede regular. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente na região sul, mais de 3,5 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência Cerca de 21 mil escolas fazem parte do projeto de inclusão social, com mais de 1,5 milhão de alunos integrados na rede.
A construção de um projeto político pedagógico, a quebra das barreiras atitudinais e arquitetônicas, a formação continuada de professores e profissionais da educação e as atividades realizadas nos centros de apoio são os aspectos principais deste processo de desenvolvimento da inclusão no estado.
II Encontro de Irmãos
Paralelamente ao Congresso será realizado o II Encontro de Irmãos, onde os filhos terão atividades diferentes de arte e jogos. Este evento pioneiro aconteceu na cidade de Curitiba, no ano de 2000, favorecendo a convivência de pessoas com Síndrome de Down e seus irmãos, professores, oficineiros, jovens voluntários e artistas, totalizando 296 participantes, e oferecendo a possibilidade de novas experiências.
Na ocasião deste ano, serão realizadas oficinas e atividades de recreação divididas por faixa etária. Durante os dias do evento, os ônibus terão saídas marcadas no Centro de Exposições e Eventos às 8:00 horas e a chegada no mesmo local, às 18:00 horas.
As Inscrições no V Congresso Brasileiro sobre Síndrome de Down podem ser feitas a partir do dia 18 de agosto de 2008, através do formulário de inscrição disponível no site da Aps Down (www.apsdown.com.br). Dúvida e informações: (43) 3328-8785, ou pelo e-mail: congresso@apsdown.com.br.
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